11/27/2006

Funções orgânicas

A calcificação na saliva é extra-ordinária. Não fica um furo no dente, nada se instala sem ser subjugado, absorvido e transformado em parte de mim mesmo. Tudo o que pára na minha boca vira pedra.

As veias saltadas parecem fortes. Estão aí pra quem quiser ver, ver. Mas é tudo mentira, não aguentam nem agulha de neném: um furinho e já vão se derramando todas.

11/20/2006

Moderação

A partir de hoje, os comentários nesta página estarão sujeitos à minha aprovação. Peço desculpas aos meus amigos, inimigos sinceros e nem-um-nem-outros pelo inconveniente.

Uma vez o Dahmer disse "Nasce um covarde por dia na internet". Tudo bem, eles continuarão nascendo. Mas vão emporcalhar outro lugar.

11/19/2006

Velado

A Maria era uma que dizia trabalhar entre os políticos importantes da cidade. Todos fingiam não dar bola praquela mulher de corpo meio desajeitado, opiniões fortes e boca dura, mas o fato mesmo é que ela sempre tinha uma informação verdadeira. Por isso havia certa gravidade na voz da professora enquanto relatava o ocorrido a uma colega de serviço:

- A Maria diz que o prefeito não concedeu feriado porque ele não gosta de

Ao ver no corredor o nariz largo, o cabelo encaracolado, os lábios grossos, titubeou.

- Não gosta de... de... De preto, professora, pensei quase em voz alta.

Não, não valia pena chocar a pobre professorinha.

- De gente mulata, sabe?

E continuamos andando em direção ao fim de mais um dia.

11/18/2006

Golpe

Não tem nada pior pra uma pessoa pretensiosa que olhar o próprio blog e lembrar do programa do João Kleber.

11/10/2006

Do Anônimo.

Crime maior foi o segundo comentário do texto anterior. Não que fosse algo que eu já não soubesse, mas eu estava tentando não pensar no assunto, e agora eu vou ficar lembrando a minha própria mediocridade por semanas. Seria até bom se eu soubesse um jeito de mudar e ficar bom logo, mas eu não creio muito mais na prática como eu cria antes. Então eu só posso dizer é...

A segunda parte do crime é ter me tocado. Eu já sabia, já imaginava, até talvez outras pessoas tivessem me dito. Mas agora foi de tirar o sono, de tirar o estômago, de andar na rua pensando, de ler pensando, de trabalhar pensando. O fato é que eu já sabia, mas ainda não sabia que sabia. E agora eu sei. E digo é...

A terceira e mais cruel parte é eu não saber quem disse isso. Estou acostumado com o anônimo covarde, que quer ofender, que tem medo de mostrar o rosto mas não tem o que dizer de fato. Mas me desconserta o anônimo com quem eu concordo, que pensa exatamente o que eu penso e que precisou se esconder pra dizer o que até agora poucos amigos tiveram coragem de me dizer. Só posso responder é...

Mas a coisa mais criminosa mesmo é eu não poder ir atrás e conversar, dialogar. Não me importa o fato de não saber quem é, mas da interação comprometida, exdrúxula, pela metade. Tudo o que eu posso fazer é suspirar um profundo e reticente é...

(a melhor idéia deste post foi roubada do Sartorato, pessoa da qual eu discordo alguma vezes, mas nunca no essencial)

11/05/2006

A Experiência em Algumas Horas

Acordou.

Não havia nada.

Dormiu.