9/28/2005

Penumbra Azul

Acordar doce semimorto
De emoções semiconhecidas encobertas

Faço rodar minha banda mais gostosa;
Primeiro as agitadas, então as mais calmas...

E repentinamente os compassos de três por quatro
Me enchem, preenchem o peito de sensações

Pegar meu carro e contigo nunca estar só;
Penumbra e flashes de luz baixa

Poças nos olhos
Peito cheio?

- Céus, como estou emotivo!

9/23/2005

Conversa com Saramago

Espírito, alma, mente, coração, deus, diabo, eu, capitalista, comunista, escritor, ser humano, proletário, burguês, ateu, agnóstico, punk, Emiliano, esposa do Kléber, linguista, libertário, ateu-teísta, nada disso.

Dentro de nós há algo, e esse algo é o que somos. É isso que tentamos desesperadamente nomear.

9/18/2005

Publicidade

O segredo para se ter dentes brancos e fortes é a última versão do Photoshop.

9/16/2005

Sobre o último post

O texto lá trás tem uns dois anos, se não mais. Depois que eu escrevi a primeira vez e mostrei a uns amigos, fiquei de reescrever, mudar algumas coisas, colocar mais um pedaço. Mas perdi o texto numa dessas formatações da vida. Até que ele caiu de novo em minhas mãos. Meu primeiro impulso foi meter a faca nele, aparar aqui, aumentar ali, mudar o que eu fiquei devendo mudar. Até que o reli. E resolvi deixar, pelo menos por hora, nunca se sabe o que eu me tornarei a seguir, ele assim, do jeito que está. Tem um quê de história pra criança, um quê de religioso. E tem aquele princípio de teísmo-ateu que eu quero. Mas, principalmente, me lembra de, mesmo que pareça impossível, lutar para expandir ao máximo o horizonte.

Não importa onde a vista caia; ainda é perto, muito perto.

9/15/2005

Oceano

Eram muitas vezes - tantas que até se perde a conta, mas, com certeza, mais do que uma - uma calçada. E sobre ela, foram espargidas gotas de água. Minúsculas gotas d'água - tão pequenas que elas não podiam notar que a calçada fazia parte de uma rua, que se encontrava num bairro, que fazia parte de uma cidade, que formava um sistema com outras cidades, que se encontravam num mundo redondo e cheio de vida. E como não podiam perceber tudo isso, as gotinhas se limitavam a ficar paradinhas em sua calçada, até que o tempo e o clima as evaporasse. Mas tão logo elas se encontravam no éter, já se precipitavam novamente para o chão onde teriam um apoio.

E a cena se repetiu por seis dias ou seis mil anos.

Mas um dia uma gotícula se cansou disso. Decidiu que não seria mais escrava do tempo ou do clima. E no momento em que a decisão foi tomada, ela pode olhar para cima e ver o sol. E o sol olhou para baixo e a viu. Estendeu um dos seus raios, e a gotinha subiu por ele. E lá do alto a gotinha viu muitas coisas. Viu todas as calçadas secas. Viu todas as calçadas espergidas. Viu calçadas com poças. E foi presenteada com a mais bela visão que qualquer um já vira, vê ou verá em sua vida. O oceano, com todos os lagos e rios fluindo para dentro de si. E o sol baixou um de seus raios, por onde a gotinha desceu e se encontrou com aquela maravilha.

Ela era o oceano, e o oceano era ela.

A gotinha compreendeu que toda toda gota nasceu para aquele momento, e aquele momento para cada gota. E o oceano, onde cada gota seria una com cada gota, deveria ser apresentado para cada gotícula que existe. E quando a compreensão aconteceu, mais uma vez ela subiu pelo braço quente do sol. E foi chover lá na calçada de onde saiu.

As gotas não acreditaram na gotícula. Não acreditaram no oceano. Não acreditaram nem que o calor da calçada era apenas um reflexo do calor do sol lá em cima. E quando o calor fez a gotinha evaporar, as outras gotas deram graças ao clima que viviam amaldiçoando.

Mas uma outra gotinha ouviu. Olhou para cima, e viu o raio do sol chamando. E subiu para o abraço quente, de onde ela pode visualizar tudo. De onde ela pode descer para o oceano e subir de novo. Agora as gotinhas teriam sempre uma à outra.

Seria injusto um "foram felizes para sempre".

Porque seria injusto um oceano todo só para duas gotinhas. Um sol todo para levar só duas gotinhas. Então elas decediram viajar de calçada em calçada, poça em poça até que todas as gotas pudessem olhar para cima e de cima para baixo. Sabiam que inexoravelmente todas as gotas poderiam fazê-lo, porque o oceano é para cada gota, e cada gota para o oceano.

Não importa se em seis dias ou seis milhões de anos.

9/12/2005

Pós-Modernidade Pseudo-Metropolitana

A imagem que melhor encarna a juventude pós-moderna neo-romântica do Grande ABC e adjacências é um auto-retrato da perspectiva banco do motorista-retrovisor em câmera digital, num álbum do orkut, feito por uma aluna de graduação que não sabe pontuar.

9/10/2005

Idade das Trevas

O que virá a seguir?

Sobrará litetratura a ser lida?
Restará filosofia a ser vivida?
Haverá música a ser ouvida?
Existirá obra de arte - pintura, fotografia, escultura, arquitetura, poesia, filme - a ser admirada?

Ou o ocaso ensurdecerá mais uma vez os olhos?

9/07/2005

Sobre os atuais título, nome e endereço

O medo disso começou mais ou menos quando eu nasci, se me lembro bem. Mas a confirmação começou com um comentário sobre a atual geração e terminou numa conversa de bar quase duas da manhã por aí.

O fato é que somos uma geração intermediária. Nada de pontual, exato contra o que protestar. Claro que sempre há as Alcas, a absurdidade midiática, a política externa norte-americana, o preço do bolinho, o et cetera. Mas nada disso nos oprime aberta e claramente, nada disso nos é diametralmente oposto, e não há nada que seja desde que nossos pais derrubaram a ditadura e fincaram nas alturas a bandeira que carregavam.

Também não somos os contestadores; esse título cai melhor para aqueles entre nossos pais e nós, os caras que estavam no auge em noventa. Gostaríamos de ser como esses nossos entrepassados, mas eles destruiram os valores que os que vieram antes tentaram nos legar. Se a geração anterior é a do entusiasmo, esta é a da melancolia - tristeza de ver que o ideal não casa com o plano físico. Os irmãos mais velhos chutaram o pedestal, derrubaram o mastro e pularam sobre a bandeira ao som de guitarras distorcidas.

Nós, que já havíamos nascido, tomamos consicência de que também particicipávamos da festa tarde demais, e não sobrou um pedaço de pano para pisotear. Abrimos os olhos e estávamos cercados cães mortos. Não há resto de bandeira para derrubar, não há fazenda o bastante para costurar outra bandeira.

Deixaremos, para nossos sobrinhos ou para nossos filhos - ainda há muita névoa à frente dos olhos - , os baús - uns grandes, uns pequenos, uns fundos, outros rasos - , e caberá a eles retirar de dentro os pedaços de tecidos e costurar a próxima colcha que subirá ao mastro.

Fotopage?

Eu não desisti das fotos.
Apenas não tenho uma câmera digital.

Gambiarra



Só preu ter um perfil.